O Retorno dos Mortos-Vivos: Hamburgo e a Saga Infindável por um Lugar ao Sol na Bundesliga

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

**Depois de sete anos, o Hamburgo pode, finalmente, respirar os ares da elite alemã. Mas será que a história se repete, ou estamos diante de uma farsa bem orquestrada?**

Ah, o Hamburgo. O dinossauro, o Highlander, o clube que teima em não morrer. Após amargar sete longos anos na segunda divisão alemã, o HSV (como os íntimos o chamam, com uma pitada de saudade e outra de descrença) vislumbra, mais uma vez, a possibilidade de retornar à Bundesliga. A notícia, como um velho filme repetido na TV a cabo, reacende a chama da esperança nos corações dos torcedores, ao mesmo tempo em que provoca um bocejo (e talvez uma risada discreta) nos demais amantes do futebol.

Afinal, a cada temporada, a cada promessa, a cada novo projeto, o Hamburgo nos lembra da fábula de Sísifo, o sujeito condenado a rolar uma pedra morro acima, apenas para vê-la rolar morro abaixo novamente. E, como um bom e velho roteiro hollywoodiano, a pergunta que não quer calar é: desta vez, será diferente?

A notícia, em si, é um prato cheio para a análise. Fala-se em um time “competitivo”, em um elenco “renovado”, em uma diretoria “focada”. As aspas, meus caros, são propositais. Porque, convenhamos, o Hamburgo sempre foi especialista em palavras bonitas e promessas vazias. A história do clube está recheada de frases grandiosas e resultados pífios.

**O Fantasma da Queda e a Síndrome de Peter Pan**

Para quem não se lembra (ou prefere fingir que não se lembra), o Hamburgo foi o único clube a disputar todas as edições da Bundesliga, desde sua criação, em 1963. Um feito e tanto, digno de reverência. Mas, como diria a sabedoria popular, “tudo que sobe, desce”. E a queda do HSV, em 2018, foi um baque e tanto, um choque para os torcedores e um escândalo para os amantes do futebol romântico.

O que aconteceu? Bom, a resposta é multifacetada, complexa e, acima de tudo, previsível. Má gestão, decisões equivocadas, contratações desastrosas, treinadores que iam e vinham como figurinhas carimbadas, e, claro, a eterna síndrome de Peter Pan: a dificuldade de amadurecer, de se reinventar. O Hamburgo, apegado ao seu passado glorioso, não soube se adaptar aos novos tempos, ao futebol moderno, à voracidade do mercado.

A nostalgia, como sabemos, pode ser uma droga poderosa. E o Hamburgo, anestesiado pela lembrança de seus títulos, de suas glórias europeias, de seus ídolos do passado, se perdeu em um labirinto de saudades e frustrações. O clube se tornou refém de sua própria história, incapaz de construir um futuro promissor.

**A Dança das Cadeiras e os Interesses Ocultos**

A notícia, em sua superficialidade, omite detalhes importantes. Não fala, por exemplo, dos bastidores do clube, das disputas internas, dos jogos de poder, dos interesses econômicos que se escondem por trás dos resultados em campo.

Porque, sejamos francos, o futebol não é apenas sobre a bola, os jogadores e os gols. É sobre dinheiro, muito dinheiro. É sobre patrocinadores, investidores, direitos de transmissão, marketing, imagem. E, nesse jogo, o Hamburgo, com sua tradição e sua base de fãs, ainda é um ativo valioso.

A volta à Bundesliga, portanto, não é apenas uma questão esportiva. É uma questão financeira, de visibilidade, de prestígio. E, por trás da euforia, da esperança renovada, podemos encontrar uma estratégia bem elaborada, um plano de marketing, uma jogada de mestre para atrair investidores e patrocinadores.

A dança das cadeiras no comando do clube, a troca constante de treinadores e jogadores, as declarações inflamadas dos dirigentes… Tudo isso faz parte de um jogo maior, de uma engrenagem que visa, acima de tudo, manter o Hamburgo relevante, mesmo que, para isso, seja preciso recorrer às velhas artimanhas, às promessas vazias e aos discursos demagógicos.

**A Falácia da Renovação e os Velhos Vícios**

A notícia, com sua narrativa otimista, fala em um elenco “renovado”, em um time “competitivo”. Mas, como diria o ditado, “a esperança é a última que morre”. Será que essa renovação é verdadeira? Ou estamos diante de mais uma maquiagem, de mais uma tentativa de esconder os velhos vícios, os erros do passado?

É preciso lembrar que o Hamburgo, ao longo dos anos, cometeu erros crassos no mercado da bola. Contratações equivocadas, jogadores supervalorizados, salários exorbitantes… A lista é longa, e os prejuízos, imensos.

A renovação, no entanto, não se resume apenas a contratar novos jogadores. É preciso mudar a mentalidade, a cultura do clube, a forma de gestão. É preciso aprender com os erros do passado, abandonar a arrogância, a prepotência, e se adaptar aos novos tempos.

E, nesse quesito, o Hamburgo ainda está devendo. As notícias que chegam dos bastidores indicam que os velhos vícios ainda persistem, que as disputas internas ainda existem, que os interesses pessoais ainda se sobrepõem aos interesses do clube.

**O Futuro Incerto e a Lição que Precisa ser Aprendida**

O Hamburgo está, mais uma vez, na iminência de retornar à Bundesliga. A torcida sonha, a imprensa especula, os rivais zombam. Mas, no fundo, todos sabem que o futuro do clube é incerto.

A volta à elite alemã não garante o sucesso. É preciso construir um projeto sólido, com planejamento, gestão eficiente, e, acima de tudo, com respeito à sua história e aos seus torcedores.

O Hamburgo precisa aprender a lição. Precisa abandonar a nostalgia, a arrogância, e se reinventar. Precisa se adaptar aos novos tempos, ao futebol moderno, à voracidade do mercado. Precisa entender que o passado é apenas uma referência, e que o futuro se constrói com trabalho, dedicação e, acima de tudo, com humildade.

**Conclusão: Uma Nova Chance ou Mais do Mesmo?**

A notícia sobre o Hamburgo é um lembrete de que o futebol é feito de ciclos, de esperanças, de decepções. E que, acima de tudo, é preciso ter os pés no chão, não se deixar levar pelas emoções e aprender com os erros do passado.

O Hamburgo tem uma nova chance. Uma chance de provar que aprendeu a lição, que amadureceu, que está pronto para voltar a brilhar na Bundesliga. Mas, para isso, é preciso mais do que palavras bonitas e promessas vazias. É preciso ação, trabalho e, acima de tudo, humildade.

Caso contrário, o Hamburgo, o eterno dinossauro, continuará a ser apenas uma sombra de seu passado glorioso, um clube fadado a viver de lembranças e frustrações. E, para os amantes do futebol, a pergunta continuará a ecoar: será que, desta vez, será diferente? A resposta, como sempre, só o tempo dirá. Mas, por enquanto, preparem a pipoca, porque a novela está apenas começando. E, sejamos sinceros, a gente adora um bom dramalhão.


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